quarta-feira, 24 de junho de 2020

"O Sujeito e o Poder" - Lutas Contemporâneas e Subjetividade em Michel Foucalt- Filosofia em Tempos de Pandemia no Instagram


“Todas as lutas contemporâneas giram em torno de uma questão: quem somos nós? Elas são uma recusa às abstrações, ao estado de violência econômico e ideológico, que ignora quem somos individualmente, e também uma recusa a uma investigação científica ou administrativa que determina que somos.

Em suma, o principal objetivo destas lutas é atacar, não tanto “tal ou tal” instituição de poder ou grupo ou elite ou classe, mas, antes, uma técnica, uma forma de poder.

Esta forma de poder aplica-se à vida cotidiana imediata que categoriza o indivíduo, marca-o com sua própria individualidade, liga-o à sua própria identidade, impõe-lhe uma lei de verdade, que devemos reconhecer e que os outros têm que reconhecer nele. É uma forma de poder que faz dos indivíduos sujeitos. Há dois significados para a palavra sujeito: sujeito ao outro através do controle e da dependência, e ligado à sua própria identidade através de uma consciência ou do autoconhecimento. Ambos sugerem uma forma de poder que subjuga e sujeita. [...] Talvez o objetivo de hoje em dia seja não descobrir o que somos, mas recusar o que somos. Temos que imaginar e construir o que poderíamos ser para nos livramos deste “duplo constrangimento” político, que é a simultânea individualização e totalização própria às estruturas do poder moderno.

A conclusão seria que o problema ético, político, social e filosófico dos nossos dias não é tentar libertar o indivíduo do Estado nem das instituições do estado, porém nos libertarmos tanto do Estado quanto do tipo de individualização que a ele se liga. Temos que promover novas formas de subjetividade através da recusa deste tipo de individualidade que nos foi imposto há vários séculos”. Michel Foucault em “O sujeito e o poder”. .
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Contemporaneamente, conforme apresentado, as lutas contemporâneas estão convertidas em uma batalha contra um processo de individualização e totalização, incorporando uma subjetividade como contra conduta, de forma a desvincular-se da submissão à maneira como o poder é exercido e à capacidade do governo de si. É, em outras palavras, portanto, viver uma prática coletiva em subjetividade. .
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Como você pensa essas questões? Vamos filosofar?

Referências bibliográficas:
FOUCAULT, M. O sujeito e o poder. In P. RABINOW e H. DREYFUS, Michel Foucault: uma trajetória filosófica (para além do estruturalismo e da hermenêutica). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995. p. 231-249.


Texto de Nicolas Gustavo - Coordenador/Gestão Colegiada do Projeto Filosofia em Tempos de Pandemia

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