sábado, 13 de junho de 2020

Racismo Estrutural e a Saúde da População negra em Contexto Pandêmico - Filosofia em Tempos de Pandemia no Instagram


O RACISMO ESTRUTURAL E A SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA EM CONTEXTO PANDÊMICO |


Texto e Arte Gráfica - Nícolas Gustavo - Coordenação Colegiada Filosofia em Tempos de Pandemia

O que é racismo estrutural?

Tendo como norte o processo social, histórico e político que estruturou os mecanismos de discriminação sistêmica, Silvio Almeida reforça a conceituação de racismo estrutural, o qual se expressa para além dos domínios subjetivos e individuais do preconceito, integrando a uma ordem social de privilégios direcionados por um recorte de raça. Nesse contexto, o racismo se apresenta, portanto, como tecnologia de poder incorporado pelas práticas biopolíticas do Estado, de maneira a se utilizar das características fenotípicas de certos grupos para produzir discursos e práticas protetoras de monopólios da raça branca.
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Como o racismo estrutural se vincula às instituições de saúde?

A partir do entendimento dos determinantes sociais do processo de saúde-doença, a expressão do racismo estrutural se torna condicionante do adoecimento, à medida que estigmas e estereótipos produzidos possibilitam a negação de evidências cientificas por parte de profissionais da saúde na prática do cuidado. A exemplo disso, dados apontam o fornecimento de menor dose de anestesia à população negra, endossado pelo mito da “força natural” desse grupo.

Além disso, apesar da universalidade constitucionalmente afirmada do SUS, é possível fazer uma crítica, inclusive, de como que esse princípio é comunicado. Nos meios vinculantes de informação, nos quais os atores das publicidades e os corpos representados são majoritariamente brancos, a comunicação social dos complexos hospitalares e das redes de atenção à saúde produz simbolicamente uma linguagem de exclusão da população negra. Assim, questionamos: como produzir pleno bem-estar nessa situação?
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De que forma esse contexto se expressa durante uma pandemia?

Epidemias e pandemias, para além de eventos médico-biológicos, são produtos de configurações político-sociais, as quais tem suas consequências moldados a partir do status quo vigente. Em uma sociedade racista, a transmissão e o impacto epidemiológico do Corona Vírus não são democráticos, muito menos formalmente justos, mas sim diferentemente localizados a depender da raça e da classe social.


Referências Bibliográficas:

ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2018.

LEAL, M. C.; GAMA, S. G. N.; CUNHA, C. B. Desigualdades raciais, sociodemográficas e na assistência ao pré-natal e ao parto, 1999-2001. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 1, p. 100-107, 2005.



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